O Globo - 16 de novembro de 2023
Mesmo depois de ter entrado na mira do Ministério da Justiça, a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, segue veiculando em suas plataformas anúncios com indícios de que são usados para cometer crimes no Brasil. Peças publicitárias divulgam de golpes financeiros aplicados a partir de programas do governo federal e ofertas da Black Friday ao jogo do bicho. Os casos expõem as dificuldades das big techs em moderar conteúdos, inclusive aqueles que são impulsionados e, em tese, estão sujeito à fiscalização mais rigorosa antes de entrarem no ar.
Nos últimos dois dias, mais de 200 impulsionamentos de postagens que divulgam jogo do bicho foram localizados pela reportagem na própria biblioteca de transparência de anúncios mantida pela Meta. A prática é proibida no país e enquadrada como contravenção penal.
Em outra frente, a empresa continua permitindo a exibição de anúncios fraudulentos sobre o programa Desenrola Brasil, voltado para a renegociação de dívidas bancárias, após a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, publicar, em julho, uma medida cautelar para a retirada desses conteúdos, que também atingiu o Google. As campanhas foram mapeadas pelo NetLab, laboratório da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O laboratório aponta que parte dos anúncios usa imagens de políticos. Foram editados e descontextualizados trechos de entrevistas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até com nomes da oposição, como o deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP), que tem a defesa do consumidor como bandeira.
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