Aos Fatos - 30 de outubro de 2023
Centenas de anúncios irregulares, que não poderiam ser veiculados pela Meta por terem sido pagos por apoiadores de Bolsonaro e Lula — e não pelas campanhas —, continuaram a circular no Facebook e no Instagram mesmo após o início do período em que a Lei Eleitoral proíbe qualquer propaganda de candidatos.
Levantamento feito por Agência Pública, Aos Fatos e Núcleo Jornalismo constatou que:
281 publicações de campanhas impulsionadas permaneciam ativas entre sexta-feira (28) e sábado (29).
155 anúncios (55%) declaram apoio a Bolsonaro ou atacam Lula;
Outros 126 (44%) fazem campanha contra o presidente ou eram a favor de Lula.
Resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proíbe anúncios de candidatos na internet desde a meia-noite de sexta (28). Em cumprimento à norma, as candidaturas de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interromperam impulsionamentos nas plataformas do Google e da Meta.
Além de desrespeitarem o prazo estipulado pela Justiça Eleitoral, os anúncios identificados pela reportagem são irregulares também por terem sido pagos por pessoas físicas ou jurídicas não associadas oficialmente às campanhas — a Lei Eleitoral somente permite que conteúdos de propaganda eleitoral sejam impulsionados por partidos e campanhas.
Esses impulsionamentos irregulares custaram entre R$ 28 mil e R$ 57,1 mil;
O alcance foi de no mínimo 163 milhões de visualizações.
Dentre o conteúdo analisado, há postagens que são explícitas em favor de um candidato. Um anúncio que está ativo e já registrou 40 mil impressões usa, inclusive, um vídeo oficial da campanha de Bolsonaro.
Além disso, ao longo da sexta-feira, o Netlab (UFRJ) identificou e notificou o TSE de pelo menos 230 casos de anúncios impulsionados por candidatos que não disputam cargo nesse segundo turno, segundo reportagem do jornal O Globo. No primeiro turno, o Netlab já havia identificado que a Meta permitiu impulsionamento de anúncios por candidatos dentro do prazo proibido pela legislação eleitoral.