As mídias digitais trazem inúmeras possibilidades para a comunicação do conhecimento científico em saúde, mas também são utilizadas para promover campanhas de desinformação que descredibilizam a ciência, atacam políticas públicas e confundem a população sobre tratamentos com ou sem eficácia científica comprovada. Essas campanhas são frequentemente motivadas por interesses financeiros e/ou políticos, e envolvem a divulgação de teorias conspiratórias sobre a origem de doenças, mitos sobre vacinas e a promoção de medicamentos e terapias “alternativas”.
Diferentes organizações, influenciadores digitais e autoproclamados especialistas têm tentado influenciar o debate público sobre ciência para fabricar falsos dissensos. Esses agentes mobilizam a opinião pública contra discursos científicos, explorando a ausência de regulamentação das plataformas para compartilhar informações falsas sobre saúde e bem-estar. A eficácia da comunicação nesses ambientes depende cada vez mais da identificação entre emissor e audiência, o que confere aos influenciadores um papel central como líderes de opinião em nichos segmentados.
Nossos estudos analisam estratégias comunicacionais em diferentes mídias digitais utilizadas para manipular informações sobre crises sanitárias, promover falsos tratamentos, explorar a credibilidade de instituições públicas e científicas, estimular a automedicação e reforçar práticas de cuidado individual em detrimento das políticas de saúde coletiva. Buscamos mapear também como a publicidade digital tem sido empregada para impulsionar o mercado da desinformação e como essas práticas contribuem para minar a confiança da população em políticas públicas de saúde, especialistas e veículos de comunicação.