A desinformação e a propaganda podem ser compreendidas como atividades econômicas associadas à chamada indústria da influência. O ecossistema de desinformação online depende da precariedade nas condições de produção e regulação da comunicação digital, já que o funcionamento dos sistemas de recomendação e distribuição de conteúdos nas plataformas digitais não apenas permite, como também promove e monetiza conteúdos criminosos de vários tipos, desde que gerem audiência e interações. A falta de mecanismos eficazes na proteção dos usuários faz dessas plataformas ambientes propícios, muitas vezes com incentivos financeiros, para a promoção de golpes, fraudes e diversos tipos de crimes e manipulações.
A publicidade é a base do modelo de negócio das plataformas digitais, e desempenha um papel central na estratégia de campanhas de desinformação permanentes, que utilizam microtargeting, repetição e amplificação de narrativas conspiratórias, negacionistas e hiper partidárias. Tais campanhas podem envolver interações coordenadas beneficiando as próprias plataformas e movimentando mercados precarizados de produção dos conteúdos que circulam online.
Nesta linha de pesquisa, buscamos reunir evidências sistemáticas sobre as relações econômicas e políticas que sustentam a indústria da desinformação online. Procuramos contribuir com abordagens críticas e empíricas para responder aos desafios da investigação dessas novas estratégias de propaganda e manipulação. Os projetos desta linha se dedicam a identificar, em campanhas de desinformação, suas fontes de financiamento e monetização de conteúdos em mídias sociais e sites de junk news, os atores e organizações envolvidas, e as táticas de publicidade programática e manipulação comercial das condições sociotécnicas da internet no Brasil.