Índice de
Transparência
da Publicidade
O Índice de Transparência da Publicidade nas plataformas digitais (ITP) é uma ferramenta de avaliação dos mecanismos de acesso a dados de publicações impulsionadas e conteúdos monetizado nas principais plataformas de redes sociais em atuação no Brasil.
Lançado em novembro de 2024, o ITP se baseia em um roteiro estruturado, sistematizado e reprodutível, baseado em parâmetros e dimensões de qualidade de dados, para medir a disponibilidade, transparência e qualidade dos dados sobre publicidade fornecidos pelas plataformas.
O Índice é uma proposta do NetLab UFRJ para a promoção da transparência de dados no Brasil, diante da escassez de informação qualificada sobre a veiculação de anúncios em plataformas de redes sociais.
O Índice completo pode ser acessado abaixo.
81 a 100 pontos
Transparência ideal
61 a 80 pontos
Transparência regular
41 a 60 pontos
Transparência precária
21 a 40 pontos
Transparência irrelevante ou nula
0 a 20 pontos
Transparência satisfatória
Faixas de Pontuação
& Classificação
das Plataformas
Nota das Plataformas
A Meta é a empresa que apresenta maior transparência de anúncios em plataformas de redes sociais no Brasil.
A empresa somou 49,8 pontos na avaliação do ITP, mas sua transparência ainda é regular. A boa política da Meta de oferecer API e interface gratuitas para acesso a dados de anúncios é prejudicada porque parte desses dados só é entregue no caso de conteúdos políticos, eleitorais ou de relevância social. Por isso, ela perde metade dos pontos em 5 dos 6 critérios especiais, o que representa 25% do valor total do ITP.
A Meta também perde pontos por entregar dados com granularidade inadequada para a análise de estratégias de segmentação de público e precificação de anúncios.
Outro problema da transparência da publicidade da empresa diz respeito à ausência de relatórios de transparência sobre a moderação de anúncios veiculados em suas plataformas, o que impacta a dimensão de conformidade.
Transparência da publicidade:
Regular
Meta
A pontuação da transparência de anúncios do Telegram de 22,8 pontos é considerada precária. Ele é uma exceção dentre as plataformas analisadas por não oferecer opções de microssegmentação*, já que os anúncios são direcionados a canais públicos e todos os membros podem visualizá-los.
A API utilizada para extrair dados de usuários do Telegram também fornece dados de anúncios, mas, como já ocorre com os dados de mensagens enviadas por usuários, é preciso conhecer previamente os canais para a coleta. Além disso, só é possível identificar anúncios ativos, sem disponibilização de dados de históricos de anúncios inativos. A plataforma não oferece interface para acesso a seu repositório.
A falta de documentação da API em português e de relatórios de transparência sobre a moderação de publicidade no contexto brasileiro também prejudicam a nota do Telegram no ITP.
Transparência da publicidade: Precária
Telegram
Somando 18,3 pontos, a transparência de dados de publicidade do LinkedIn é irrelevante. Apesar de oferecer duas formas de acesso ao repositório de anúncios, as funcionalidades da API e da interface da plataforma são muito limitadas.
Em sua interface, é possível acessar o conteúdo das peças e as informações sobre a página anunciante e a entidade responsável pelo pagamento. Dados de engajamento, impressões, investimento, período de veiculação e segmentação demográfica e geográfica não são públicos para anúncios que circulam no Brasil.
Além disso, a interface do repositório não permite o download de dados de anúncios. Embora estes possam ser recuperados por meio da API, as mesmas deficiências já relatadas na interface persistem.
Outro problema do LinkedIn é o fato de a plataforma não divulgar informações sobre a moderação de publicidade irregular.
Transparência da publicidade: Irrelevante
O Google somou 8,2 pontos no ITP. Sua transparência de anúncios, considerada irrelevante, é prejudicada em grande parte porque a API do seu repositório só recupera dados de anúncios políticos e eleitorais veiculados até o fim de abril de 2024, já que estes estão teoricamente proibidos em suas plataformas desde 01 de maio.
Estes anúncios também podem ser conferidos na interface de seu repositório, junto de anúncios impulsionados por anunciantes verificados nos últimos 365 dias, o que representa uma amostra insuficiente e não representativa de dados de anúncios.
Além disso, as funcionalidades de sua interface são muito limitadas. Não há como buscar anúncios por palavras-chave, só sendo possível encontrá-los por meio dos nomes com os quais os anunciantes se registraram na rede da empresa.
Ao disponibilizar apenas dados não representativos e desatualizados dos anúncios que circulam em suas plataformas, o Google pontua apenas em parâmetros técnicos sobre sua API.
Transparência da publicidade: Irrelevante
O X/Twitter é uma das quatro plataformas analisadas a não pontuar no ITP, sendo sua transparência de dados de publicidade nula.
Além de não disponibilizar uma API ou interface do repositório de anúncios para coleta e análise de dados de publicidade no Brasil, o X/Twitter não publica relatórios de transparência sobre a remoção de anúncios e de anunciantes ilegais, irregulares e/ou abusivos.
A empresa também aplica políticas discriminatórias, oferecendo uma API e uma interface do repositório apenas para o acesso a anúncios que circularam em países-membros da União Europeia, devido às obrigações estabelecidas pelo Digital Services Act (DSA).
Transparência da publicidade:
Nula
X / Twitter
A transparência de dados de publicidade do TikTok é nula porque a plataforma não pontua em nenhum dos parâmetros de avaliação propostos no ITP, já que não disponibiliza interface do repositório nem API para coleta de dados de anúncios que foram exibidos a usuários brasileiros.
Para anúncios veiculados na União Europeia, no Reino Unido e na Suíça, o TikTok disponibiliza uma API e interface para acesso a dados de todos os anúncios impulsionados nesses países após 01 de outubro de 2022 e visualizados pelo menos uma vez.
Quanto à qualidade dos dados nos relatórios de transparência, o TikTok não cumpre com o mínimo esperado em nenhum dos parâmetros do ITP, já que só informa a quantidade total de anúncios removidos globalmente, sem especificar onde foram veiculados e o motivo da moderação.
Transparência da publicidade:
Nula
TikTok
O Kwai não pontua em nenhuma dimensão e sua transparência de dados de publicidade é nula. A plataforma não disponibiliza API nem interface para acesso e coleta de anúncios no Brasil ou em qualquer outro lugar no mundo.
Em abril de 2024, a empresa lançou a Biblioteca de Anúncios Políticos e Eleitorais no Brasil, na qual era possível visualizar poucas peças relacionadas às eleições gerais de 2022. Mas, em menos de um mês, o Kwai recuou, anunciou a proibição de anúncios políticos e parou de alimentar o repositório.
No período em que esteve ativa, a biblioteca não permitia o uso de palavras-chave na busca por anúncios, limitando a pesquisa ao nome com o qual os anunciantes se registraram na plataforma.
Transparência da publicidade:
Nula
Kwai
A transparência de dados de publicidade do Pinterest é considerada nula porque a plataforma não oferece nenhuma solução de transparência de anúncios no Brasil.
A plataforma permite consultar apenas anúncios que circularam em países da União Europeia por meio de uma interface do repositório. Mesmo nesses países, o Pinterest não oferece uma forma de acessar o repositório através de uma API.
Além disso, o Pinterest não detalha as medidas aplicadas especificamente a anúncios em seus relatórios de transparência. Segundo a própria plataforma, “as políticas de anúncios são aplicadas de forma diferente do conteúdo orgânico e não estão incluídas neste relatório de transparência”.
Transparência da publicidade:
Nula
Observatório da Indústria da Desinformação e
seu Impacto nas Relações de Consumo no Brasil
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