O atual contexto brasileiro é um terreno fértil para propagação de informações falsas sobre questões socioambientais. Ligado a isso, o descrédito gradual da mídia tradicional por parte da população é impulsionado por uma onda de desinformação sistematicamente produzida. Essa ruptura ameaça, entre outras coisas, o diálogo necessário para superar os desafios da emergência climática. Nosso objetivo é mapear e analisar o ecossistema brasileiro de mídia no ambiente digital, buscando interpretar as principais formas de ataque às pautas socioambientais.
É possível notar no ecossistema digital uma supervalorização da produtividade econômica, vinculada ao agronegócio por um discurso desenvolvimentista, como solução central para os problemas socioambientais do Brasil. Enquanto isso, a amplitude das queimadas, a devastação florestal, a destruição de biomas, a violência contra povos originários e o impacto do garimpo em Terras Indígenas são ignorados. Nas redes, é comum a utilização de contas automatizadas e outras estratégias de propaganda computacional para impulsionar a visibilidade de pautas anti-ambientalistas. Assim, ganham destaque narrativas conspiratórias que defendem que as mudanças climáticas e a crise socioambiental são estratégias de manipulação que colocam em risco a soberania do país sobre seus recursos naturais.
Por meio dos projetos desenvolvidos nessa linha, buscamos fornecer evidências e ampliar o conhecimento sobre a instrumentalização das plataformas e de veículos de mídia contra as pautas socioambientais. Além disso, também investigamos a atuação da sociedade civil em defesa da pauta socioambiental, buscando desenvolver parcerias para informar o debate de políticas públicas a partir de estudos científicos.