Policy & Internet
O YouTube assumiu um compromisso global para reduzir a propagação de conteúdos problemáticos, recomendando ativamente fontes de notícias “confiáveis” na sua plataforma, mas não divulgou os critérios utilizados para classificar a reputação dos canais e a lista de fontes de notícias confiáveis preferidas pela empresa.
Nosso objetivo é entender os padrões de recomendação do algoritmo do YouTube e identificar o que a plataforma classifica como “fontes informativas confiáveis”.
Em nosso experimento, realizamos 205 testes no sistema de recomendação do YouTube, simulando o comportamento de novos usuários brasileiros sem dados históricos na plataforma em busca de notícias confiáveis ao longo das eleições.
Documentamos os grupos de mídia brasileiros sugeridos na página inicial, analisando ainda a presença, posição e conteúdo dos vídeos da Jovem Pan, principal grupo de mídia conservadora do Brasil.
Identificamos que, longe colocar conteúdos extremistas sob controle, o YouTube priorizou sistematicamente a Jovem Pan e não retirou ativamente conteúdos tóxicos da Jovem Pan.
Nossas descobertas indicam que o YouTube ampliou o desequilíbrio entre as representações dos candidatos, expondo a assimetria regulatória entre a mídia de transmissão e as plataformas online no país.
Apesar dos acordos comerciais e estratégias de negócios opacos, as decisões de recomendação da plataforma podem ter um “efeito publicitário” de patrocínio e endosso sobre os usuários.
Como citar: Santini, R. M., Salles, D., & Mattos, B. (2023). Recommending instead of taking down: Youtube hyperpartisan content promotion amid the Brazilian general elections. Policy & Internet, 1–16. https://doi.org/10.1002/poi3.380