Revista Piauí - 04 de outubro de 2024
Durante dois dias de abril deste ano, a equipe do NetLab – o Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro – fez uma análise de 90 mil publicações em português e inglês postadas na rede social X. Todas tratavam da disputa entre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e o empresário Elon Musk, dono do X. O NetLab concluiu que cerca de 40% das publicações tinham sido enviadas por contas falsas. Eram o que, no jargão dos pesquisadores, se chama de “perfis inautênticos”, que não pertencem necessariamente a uma pessoa real. São contas que podem fazer postagens automáticas ou semiautomáticas e que muitas vezes agem de forma coordenada. Em outras palavras, são postagens de robôs.
Os perfis inautênticos desequilibraram o jogo: 48% das contas que apoiavam Musk contra Moraes eram falsas. Havia, também, contas falsas que criticavam o empresário, mas em proporção menor – 36% do total. Naquela altura, Musk vinha acusando Moraes de promover censura na rede social ao pedir que usuários extremistas fossem tirados do ar. A disputa – que resultaria na suspensão do X no Brasil no dia 30 de agosto – estava inflamando a milícia digital da extrema direita. E, para quem estivesse acompanhando os posts no X, Musk parecia estar ganhando a parada.