Da esquerda para a direita: Marina Loureiro, Débora Salles, Marie Santini e Priscila Medeiros | Foto: Reprodução
Entre os dias 03 e 07 de julho, a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) recebeu a 32ª edição do Encontro Anual da COMPÓS (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação), reunindo acadêmicos e especialistas de vários lugares do Brasil – sendo o primeiro encontro presencial desde a pandemia da Covid-19. Com a temática “Comunicação para a Vida”, o evento destacou o papel relevante que as diferentes atividades do campo da Comunicação desenvolvem no âmbito da ciência brasileira.
Ao longo de dois dias, a programação contou com minicursos, conferências, lançamento de livros e reuniões de Grupos de Trabalho (GTs), entre eles, o GT “Comunicação da Ciência e Políticas Científicas” fazendo a sua estreia na COMPÓS 2023.
Coordenado pelos professores Thaiane Oliveira (UFF) e Diógenes Lycarião (UFC), esse GT recebeu um artigo do Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NetLab UFRJ). Intitulada “Desinformação Socioambiental Como Ferramenta De Propaganda: Uma análise multiplataforma sobre a crise humanitária Yanomami”, a pesquisa foi apresentada pelas autoras Priscila Medeiros, Débora Salles, Marina Loureiro e Marie Santini.
A repercussão do genocídio Yanomami nas diferentes plataformas digitais foi analisada durante a palestra, apontando as estratégias, personagens e principais narrativas de desinformação utilizadas para minimizar a gravidade da situação e deslegitimar as pautas indígenas de modo geral.
Sobre o tema
A partir de um recorte específico da crise humanitária Yanomami, o artigo sintetiza a experiência e o conhecimento acumulado pelo NetLab UFRJ em pesquisas sobre as implicações sociais da propaganda, desinformação e automação em diferentes tópicos relacionados à chamada “Infodemia Socioambiental”.
Com a repercussão do caso nas redes sociais, que começou a ganhar força em janeiro de 2023, o NetLab UFRJ mapeou a desinformação sobre o tema nas principais plataformas digitais no Brasil.
Foi apresentada uma análise longitudinal do debate socioambiental no ecossistema brasileiro de mídias digitais, com a sistematização de narrativas, padrões de conteúdo, estratégias de disseminação e instrumentalização das plataformas para propagar desinformação.
Com base nos resultados empíricos da pesquisa, as autoras debateram junto aos demais membros do GT a estruturação e os modos de operação do ecossistema de desinformação socioambiental no Brasil. Foi destacada na apresentação a capacidade desse ecossistema de mobilizar a grande mídia, portais da mídia local e fontes de junk news para escoamento de narrativas contra o povo Yanomami, além de uma atuação multiplataforma coordenada entre influenciadores, políticos e financiadores.