Casos recentes de feminicídio escancaram grave cenário de violência contra a mulher
- Rafaela Campos da Silva
- há 4 dias
- 2 min de leitura
IstoÉ - 07 de dezembro de 2025

Um estudo divulgado em dezembro de 2024 demonstrou essa relação entre discursos misóginos e lucratividade. Durante seis meses, Luciane Belin, pesquisadora do NetLab, laboratório de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que se dedica ao estudo da internet e das redes sociais, passou dias vendo, em detalhes, vídeos no YouTube com esse tipo de conteúdo. Alguns eram mais posicionados contra mulheres, outros mais disfarçados. Esse trabalho é a base de um estudo do Observatório da Indústria da Desinformação e Violência de Gênero nas Plataformas Digitais, parceria com o Ministério das Mulheres.
“Misoginia não se refere só ao discurso de ódio. Ela vai também no sentido de inferiorização da mulher, da subjugação e do controle, que é o que mais aparece”, conta Luciane, uma das coordenadoras da pesquisa. O estudo foi encomendado para entender como a misoginia no ambiente digital estava saindo dessas esferas mais fechadas e chegando ao público mais geral. Para isso, na primeira fase, foram utilizadas ferramentas de Inteligência Artificial para analisar 76.289 vídeos e identificar as comunidades e os padrões da “machosfera” brasileira. O trabalho também examinou as formas de monetização e sua relação com o conteúdo misógino e discriminatório.
A pesquisa apontou que, de 2018 a 2024, houve um aumento de canais no YouTube que pregavam a misoginia. Foram identificados 137, que publicaram 105 mil vídeos, atingindo 3,9 bilhões de visualizações. Segundo o relatório, 80% dos canais tinham alguma estratégia para ganhar dinheiro com o que produziam, desde os recursos próprios da plataforma – como anúncios e superchats – até a oferta de cursos, palestras e consultorias (do tipo “como pegar mulheres na balada”) ou pedidos de pix.


