Como foi o lobby das big techs para enterrar o PL das Fake News
- Rafaela Campos da Silva
- há 3 dias
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Nexo Jornal - 09 de setembro de 2025

Outra ação relativa à busca do Google chamou atenção da equipe de pesquisadores do Netlab, da escola de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Naquele fim de semana, quando um usuário escrevia “PL”, a ferramenta sugeria “PL da Censura” para complemento da frase de busca. E quando alguém buscava “PL 2630”, a plataforma sugeria perguntas como “foi aprovada a PL da censura?” e “o que é PL da Censura?”.
Mas o principal achado registrado pela equipe foi um post patrocinado do blog do próprio Google, de autoria do diretor de relações governamentais, Marcelo Lacerda, mas com seu título modificado para “Conheça o PL da Censura – Se informe sobre a PL 2630”.
Era essa a primeira resposta que aparecia para quem buscava informações sobre o PL, segundo diversos testes feitos em abas anônimas e não anônimas pela equipe. Outras postagens incluíam textos da produtora conservadora Brasil Paralelo e do Boletim da Liberdade, de Paulo Ganime. Além da conclusão óbvia que o Google estava atuando para relacionar o PL à censura, a equipe do Netlab chegou a outra conclusão: ao ter comprado anúncios na sua própria plataforma, o Google manipulou a própria busca. Isso porque, antes dos anúncios, as buscas sempre eram feitas com o termo “PL ds Fake News”, usado pela imprensa e sites de alta reputação, recomendados pelo próprio ranking do Google. Buscas no Google Trends e na ferramenta Similar Web confirmaram aos pesquisadores que a busca só explodiu depois de 27 de abril.
“A gente sabe que o algoritmo é muito determinado pelos anúncios, porque é o negócio do Google. Então quando tem anúncio sobre determinada palavra, aquela palavra fica mais relevante que outras, para poder justamente os anunciantes aparecerem mais”, explicou Marie Santini, diretora do Netlab.