P2P Inovação
Muito vem se discutindo sobre igualdade de gênero e garantia de direitos para as mulheres em todo o mundo, mas o ano de 2015 foi decisivo para a construção de uma nova narrativa sobre os movimentos feministas na mídia, especialmente no Brasil.
Esse ano é marcado por dois fatos sociais importantes. Por um lado, destaca-se a divulgação do “Mapa da Violência” de 2012 a 2015, que revelou dados atuais e inéditos sobre a realidade do feminicídio no nosso país. Por outro, iniciativas online questionaram tabus femininos que há décadas são pouco debatidos publicamente no Brasil pelos cidadãos e cidadãs comuns.
Diante desse cenário, o objetivo desta pesquisa foi investigar a nova dinâmica dos movimentos sociais na chamada sociedade em rede a partir da mobilização das mulheres brasileiras nas redes sociais, onde o alcance das mensagens extrapola os domínios da vida social e cotidiana dos indivíduos diretamente envolvidos para infinitas redes de informação online.
Para tal, foi realizado o estudo de caso da hashtag #primeiroassedio através dos dados extraídos da rede social Twitter relacionados à campanha online ocorrida no Brasil em 2015, que foram interpretados e discutidos à luz da literatura sobre Análise de Redes Sociais (ARS ou SNA - Social Network Analysis).
Os resultados encontrados indicam que a nova dinâmica dos movimentos sociais em redes online permite que um perfil com pouca ou nenhuma visibilidade midiática aparente, como o @thinkolga, pode criar uma campanha de ação política e obter grande repercussão entre os usuários destas redes.
Este novo fenômeno social pode apontar para uma possível atualização da tradicional teoria da espiral do silêncio na medida em que considera o efeito mútuo dos meios de comunicação de massa e das mídias sociais na formação da opinião pública.
Como citar: MARIE SANTINI, R.; TERRA, C.; ROSANA DUARTE DE ALMEIDA, A. FEMINISMO 2.0: A MOBILIZAÇÃO DAS MULHERES NO BRASIL CONTRA O ASSÉDIO SEXUAL ATRAVÉS DAS MÍDIAS SOCIAIS (#PRIMEIROASSEDIO). P2P E INOVAÇÃO, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 148–164, 2016. DOI: 10.21721/p2p.2016v3n1.p148-164. Disponível em: https://revista.ibict.br/p2p/article/view/2341. Acesso em: 28 set. 2023.