O Globo - 7 de maio de 2023
Com 30 pesquisadores de olhos grudados nas telas e ferramentas de inteligência artificial que operam incessantemente, o NetLab, laboratório vinculado à Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio (UFRJ), se tornou uma referência na investigação sobre a desinformação na internet. Criado em 2013, no calor das discussões sobre o uso de redes sociais nas manifestações de junho, o núcleo de pesquisa completa agora dez anos no centro de outro turbilhão: o debate sobre o PL das Fake News.
Fundado e liderado pela doutora em Ciência da Informação pela UFRJ Rose Marie Santini, o grupo tem se dedicado a investigar as implicações de propagandas, fake news e automação de conteúdos presentes, principalmente, nas gigantes da internet, como Google, Facebook e Twitter. Segundo ela, ao longo da última década, o mercado das redes sociais no Brasil cresceu em ritmo vertiginoso. Com os brasileiros liderando rankings de tempo gasto on-line, o país se tornou um dos principais focos para essas plataformas.
Essa realidade digital trouxe implicações, na avaliação de Santini, que reforçam a necessidade de criar um novo marco regulatório capaz de garantir uma internet mais segura:
— Hoje está claro como as plataformas passaram a ser uma nova esfera pública, usadas em 80% do conteúdo de campanhas políticas, por exemplo. A gente percebeu que esse uso poderia até comprometer eleições e de fato passou a ser urgente fazer essa regulamentação e adequá-las como um meio de comunicação que deve responder, como todos os outros, com responsabilidade e transparência.