Revista AZMina - 25 de outubro de 2024
O 2º turno das eleições 2024, talvez as mais violentas dos últimos tempos, está na reta final. As mulheres que seguem na disputa enfrentam a tensão política de forma diferente, desafiadas pela violência de gênero que marcou toda a campanha deste ano. As que superaram o 1º turno continuam sendo alvo de insultos e ataques misóginos que vão além da crítica profissional, expondo o ódio contra as mulheres que permeia as redes sociais.
Luciane Belin, pesquisadora em gênero e misoginia em plataformas digitais no NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), relata evidências científicas de que mulheres na política recebem mais ataques digitais que seus colegas, com questionamentos sobre sua capacidade pública e ataques pessoais, “com xingamentos de teor sexual ou sobre aparência física e ofensas à família”.
A pesquisadora cita ainda o Censo das Prefeitas Brasileiras de 2020, que mostrou que homens comandam quase 90% dos municípios do país. “O dado ilustra como, longe dos grandes centros, há uma tendência à perpetuação da divisão sexual da sociedade, com homens à frente da esfera pública e mulheres responsáveis pela vida doméstica.” No 1º turno desse ano, o Brasil elegeu 4.744 prefeitos e 723 prefeitas. Elas são agora 14%, contra os 10% de 2020.