Jornal O Globo - 14 de janeiro de 2025
O anúncio da Meta de que vai acabar com a checagem independente de fatos nos Estados Unidos explicitou não apenas uma aproximação ideológica com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, como também um novo rumo do ponto de vista comercial. Segundo analistas, as novas políticas vão afetar questões que vão desde o engajamento na rede aos custos diretos.
No Brasil, a empresa respondeu no fim da noite de segunda-feira aos questionamentos do governo brasileiro. Há preocupação com a questão da moderação de conteúdo e com a flexibilização de regras para questões de gênero, o que, segundo analistas, abre espaço para discursos de ódio.
A pesquisadora Débora Salles, coordenadora de pesquisa no Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (Netlab) da UFRJ, lembra ainda que a decisão de encerrar o programa de checagem independente, que já começou a valer nos EUA, representa “redução dos custos diretos” para Meta, já que a empresa financia as organizações participantes do programa.
— Além disso, existe um movimento de se aliar ao governo americano em uma postura contra regulações em outros países— acrescenta Débora. — Ao diminuir as salvaguardas que existem hoje e deixar claro que eles vão jogar contra a regulação e contra a transparência, eles deixam claro que não querem que a responsabilidade seja um custo.