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Desinformação sobre operação mais letal do RJ expõe disputas políticas e reprodução de estigmas

  • Foto do escritor: Rafaela  Campos da Silva
    Rafaela Campos da Silva
  • 31 de out.
  • 2 min de leitura

Desinformante - 31 de outubro de 2025


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Na manhã de 28 de outubro de 2025, enquanto escrevia um capítulo de sua tese sobre letalidade policial contra crianças e adolescentes no Rio de Janeiro, o doutorando em Comunicação da UFRJ Caio Brasil Rocha, morador do Complexo do Alemão, ouviu os primeiros tiros. Em minutos, a rotina de escrita foi substituída pelo medo. “Precisei parar tudo e me afastar da janela”. Desde então, Caio não conseguiu mais abrir o arquivo de sua tese.


Assim como Caio, milhares de moradores dos complexos da Penha e do Alemão tiveram suas rotinas brutalmente interrompidas pela megaoperação policial realizada em 28 de outubro de 2025, já considerada por especialistas como a maior chacina da história do Brasil.


A ação, conduzida por forças estaduais sob a justificativa de frear o avanço territorial do Comando Vermelho e cumprir mais de uma centena de mandados de prisão, deixou ao menos 120 mortos, entre eles quatro policiais, e 113 pessoas presas, 118 armas apreendidas, 14 artefatos explosivos e uma quantidade ainda não contabilizada de drogas.


No entanto, veículos jornalísticos e organizações de direitos humanos têm cobrado maior transparência, apontando que ainda permanecem dúvidas sobre pontos cruciais, como o destino das gravações das câmeras policiais, o funcionamento do chamado “muro do Bope”, as circunstâncias das mortes na mata e a identificação precisa das vítimas.


Paralelamente aos confrontos, outra guerra se instaurava nas redes sociais. Durante e nas horas seguintes à operação, múltiplas narrativas começaram a circular, muitas falsas ou distorcidas, inclusive produzidas e amplificadas por ferramentas de inteligência artificial generativa. A confusão informacional rapidamente transformou o episódio em um campo de disputa política e simbólica.


Segundo Luciane Belin, pesquisadora do NetLab/UFRJ, esse fenômeno segue um padrão: “em situações de crise se criam ambientes de insegurança, medo e incerteza. As pessoas querem respostas e explicações imediatas, porque ter alguma informação faz com que elas se sintam mais seguras”, explica.




 
 
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