Estadão- 23 de junho de 2024
Entre os meses de março e maio, 4.321 publicações impulsionadas nas redes sociais da Meta (Facebook e Instagram) utilizaram a imagem de políticos manipuladas por Inteligência Artificial (IA) para aplicar golpes envolvendo uma suposta indenização da Serasa Experian, segundo levantamento do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O relatório aponta que, no dia 22 de maio, houve um pico de 537 anúncios fraudulentos circulando na plataforma. O pico anterior foi em março, com 833 circulando no dia 23.
Os conteúdos trazem trechos de vídeos com políticos que, segundo o estudo do NetLab, tiveram a voz clonada por IA, como os deputados federais Nikolas Ferreira, Sargento Fahur, Eduardo Bolsonaro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo da fraude é capturar informações pessoais dos internautas, a partir de uma notícia falsa: que o Serasa teria sido condenado a pagar indenização de até R$ 30 mil para cada pessoa que teve dados vazados. Os vídeos manipulados pedem que usuários preencham seus dados em uma página fraudulenta para checar se têm direito a receber o suposto benefício.
O relatório do NetLab foi feito a partir de levantamento na Biblioteca de Anúncios da Meta. Dos 4.321 anúncios falsos identificados, 1.154 não foram moderados pela Meta. Os outros 3.167 foram bloqueados por ferir os padrões de publicidade das plataformas. Em resposta ao Estadão Verifica, a Meta afirmou que “a lista de URLs de anúncios que o NetLab aponta como fraudulentos em seu estudo não está pública”. A empresa destacou, ainda, que “conteúdos que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar terceiros não são permitidos em nossas plataformas e estamos sempre aprimorando a nossa tecnologia para combater atividades suspeitas, além de colaborar com as autoridades competentes”.