Folha de S. Paulo - 06 de fevereiro de 2025

A Meta recebeu pagamentos para impulsionar a divulgação de anúncios fraudulentos que mencionavam a falsa "taxação do Pix" e o sistema Valores a Receber, do Banco Central, mostra estudo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
As publicações tiveram seu alcance ampliado pela ferramenta de anúncios do conglomerado de redes sociais, que controla Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. O conteúdo citava políticas públicas e se apropriou de imagens do governo e de empresas públicas, como a Caixa, para obter informações sensíveis e dinheiro de vítimas, em meio à onda de desinformação levantada por um vídeo falso feito por inteligência artificial do ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmando que taxaria o Pix.
O estopim da crise de imagem do governo foi um vídeo, visualizado mais de 300 milhões de vezes, do deputado Nikolas Ferreira comentando uma norma da Receita Federal para fiscalizar transações via Pix acima de R$ 5.000 em fintechs. Ferreira também teve sua identidade usada na aplicação de golpes virtuais, em conteúdos gerados por IA.
Foram 1.770 anúncios fraudulentos impulsionados em Facebook e Instagram, entre os dias 10 e 21 de janeiro, segundo nota técnica do NetLab. "É possível que os estelionatários tenham se aproveitado de medo, dúvida e desconfiança causada na população devido à enxurrada de desinformação para atrair vítimas a clicarem em seus anúncios", afirma a professora da UFRJ Marie Santini, que coordenou o estudo.
Em nota, a Meta afirma que não permite "atividades que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar terceiros". "Estamos sempre aprimorando a nossa tecnologia para combater atividades suspeitas", acrescenta.