O Globo - 28 de janeiro de 2024
Além de servir como laboratório para tecnologias de inteligência artificial, as eleições municipais de outubro serão as primeiras com recursos recém-implementados por grandes plataformas, como WhatsApp e X, cujos efeitos sobre a circulação de desinformação, embora ainda incertos, preocupam especialistas e Justiça Eleitoral.
A disputa também ocorre após decisões do YouTube e do antigo Twitter dificultarem o acesso de pesquisadores a seus dados, gargalo que se soma à já conhecida resistência das empresas do setor à transparência sobre moderação de conteúdo e anúncios políticos.
Pesquisadora do NetLab UFRJ, Débora Salles afirma que o principal gargalo da Justiça é a garantia de mecanismos de fiscalização das plataformas. Ela explica que a Meta, dona do Facebook e Instagram, e Google são as únicas a oferecer ferramentas de transparência de anúncios no país. "Quando falamos de plataformas em que o acesso aos dados é muito difícil, fica complicado averiguar se alguém está usando aquilo de forma indevida.", disse Salles.
Enquanto o projeto para regular as plataformas, o PL das Fake News, aguarda análise na Câmara, as resoluções em debate no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entrarão em vigor no próximo pleito. O texto está em discussão e deve incluir medidas como a exigência de transparência ao impulsionamento de postagens.