A pandemia provocada pela covid-19 amplifica a ameaça representada pela “fake science”, a disseminação de informações falsas por textos que simulam a linguagem científica para inspirar confiança de quem os lê. A estratégia se tornou central para a infodemia mundial provocada pelo coronavírus, incluindo para espalhar recomendações de terapias sem comprovação científica e estimular discursos negacionistas quanto à gravidade da pandemia.
A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), sob coordenação da Professora Rose Marie Santini (Escola de Comunicação/UFRJ) e com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para o Ministério da Saúde.
O trabalho consistiu numa revisão sistemática de 180 artigos acadêmicos com o objetivo de analisar a produção científica nacional e internacional que apresente evidências sobre produção, circulação e consumo de informação e desinformação relacionadas a crises sanitárias, epidemiológica e emergências em saúde, bem como as formas de combater a infodemia, também já reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A pesquisa apontou que há uma circulação de informações falsas, incorretas ou enganosas simulando produção ou divulgação científica sobre a transmissão, tratamento e prevenção da covid - em particular, terapias não comprovadas ou rudimentares. Esse fenômeno já havia sido registrado durante a crise do Ebola em 2014, porém cresceu durante a pandemia da Covid-19 junto com a disseminação de fake news.