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É “real oficial”: a misoginia faz parte do modelo de negócio das plataformas

Jornal da USP - 21 de março de 2024



Foi publicado no dia 8 de março o relatório de pesquisa Golpes, fraudes e desinformação na publicidade digital abusiva contra mulheres, do NetLab – Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa faz parte da iniciativa do Ministério das Mulheres do Governo Federal, Brasil Sem Misoginia.


Na arena midiática contemporânea, não poderia faltar o espetáculo do abuso de gênero e todos os tipos de ameaças violentas a mulheres, não só as que têm voz pública, como jornalistas, comunicadoras, parlamentares, influenciadoras, atrizes, escritoras, ou qualquer outra profissão que faça uso do espaço pretensamente público das plataformas. O fenômeno pode atingir mulheres anônimas, e também aquelas que talvez apoiem discursos misóginos e machistas em nome da “liberdade”.


É o que revela a pesquisa, que analisou 1.565 anúncios considerados tóxicos, coletados durante 28 dias, entre janeiro e fevereiro deste ano. 35% destes anúncios são do tipo fraudulento e que podem ser enquadrados em práticas puníveis pelo Código Penal, entre eles: estelionato, fraude, venda de substâncias supostamente medicamentosas, oferta de prática ilegal em profissões da área da saúde, para praticar golpes. Não é de se espantar que 80% dos anúncios versam sobre o corpo da mulher. Outros anúncios têm como público-alvo os homens que odeiam mulheres, chamados de “masculinistas” e que compõem a “machoesfera”. Vendem manuais e dicas.


O agravante deste ecossistema é justamente a natureza do próprio ambiente cibernético, sua capacidade de feedback automática, que confirma instantaneamente o sucesso deste tipo de violência digital, seja nos anúncios veiculados e analisados pelo NetLab, seja nos ataques perpetrados por milícias digitais.


Acesse o relatório



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